Sociedade civil católica, destinada à difusão da Cultura Ocidental e à atuação política em defesa da família, em observância à Doutrina Social da Igreja.

São Brás, Bispo e mártir

Janet Grayson, Enciclopédia Católica

Os martirológios da Europa do século IX, em suas listas, as quais sempre vinham acompanhadas de fatos históricos, atribuem o dia 15 de fevereiro ao nome de São Brás, bispo de Sebaste e mártir. A sinaxaria grega o menciona em 11 de fevereiro. Na lista mais antiga e conhecida como martirológio de São Jerônimo, o nome de São Brás não aparece; é somente nos catálogos ampliados mais tarde que ele é mencionado. As informações históricas a seu respeito nos martirológios e sinaxárias acima mencionados se baseiam nos Atos lendários. Todas as declarações concordam que São Brás era bispo de Sebaste na Armênia, e a maioria das contas coloca seu martírio no reinado de Licínio (cerca de 316). Como esses relatórios podem basear-se em antigas tradições ligadas à veneração do santo na liturgia da Igreja, eles não devem ser absolutamente rejeitados.

Talvez se possa supor que São Brás era de fato bispo e que sofreu o martírio no início do século IV. Todos os detalhes sobre sua vida e martírio encontrados nos Atos são puramente lendários e não têm pretensão de valor histórico. Há, no entanto, diversasrevisões do texto dos Atos. Segundo a lenda, Brás era médico em Sebaste antes de ser elevado à corte episcopal. Na época da perseguição sob Licínio, ele foi preso sob o comando do governador Agricolaus. Os caçadores do governador o encontraram no deserto em uma caverna para a qual ele havia se isolado e, na prisão, realizou uma cura esplêndida de um garoto que tinha uma espinha de peixe na garganta e corria o risco de morrer sufocado. Após sofrer várias formas de tortura, São Brás foi decapitado; os Atos relacionam também o martírio de sete mulheres.

A veneração do santo oriental foi trazida desde cedo à Europa, como é demonstrado pelos considerandos nas martirologias históricas do século IX e pela revisão em latim da história de São Brás; de modo que Brás se tornou um dos santos mais populares da Idade Média. A verdadeira razão da veneração incomum ainda não foi muito bem esclarecida. Provavelmente, um dos motivos era o fato de que, segundo a lenda, ele era médico e lhe eram atribuídas curas maravilhosas; por essa razão, os fiéis procuravam sua ajuda e intercessão quando estavam doentes. Inúmeras igrejas e altares foram dedicados a ele e muitas localidades (Taranto, Ragusa, a Abadia de S. Brás na Floresta Negra, etc.) afirmaram possuir algumas de suas relíquias. Ele também foi um dos catorze santos mártires.

Em muitos lugares no dia de sua festa, as bênçãos de São Blás são dadas: duas velas são consagradas, geralmente por uma oração, e mantidas em posição cruzada por um padre sobre a cabeça dos fiéis, ou as pessoas são tocadas na garganta com eles. Em outros lugares, o óleo é consagrado em que o pavio de uma pequena vela é mergulhado e as gargantas dos presentes são tocadas com o pavio. Ao mesmo tempo, é dada a seguinte bênção: “Por intercessão S. Blasii liberet te Deus a malo gutteris et a quovis alio malo” (Que Deus, na intercessão de São Brás, o preserve de problemas de garganta e qualquer outro mal). Em algumas dioceses é acrescentado: “in nomini Patris et Filii et Spiritus” e o sacerdote faz o sinal da cruz sobre os fiéis. Na Igreja Latina, seu banquete acontece no dia 3 de fevereiro, nas Igrejas Orientais, no dia 11 de fevereiro. Ele é representado segurando duas velas cruzadas na mão (a Bênção de São Brás) ou em uma caverna cercada por animais selvagens, como foi encontrado pelos caçadores do governador.

Grayson, Janet. “St. Blaise”. In The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company. Retrieved February 3, 2020 from New Advent: http://www.newadvent.org/cathen/02592a.htm

Traduzido por Isabel Lisboa a partir da versão em inglês, disponível em <http://www.newadvent.org/cathen/02592a.htm>.

[Segue abaixo oração ao santo, por ocasião de sua festa, a 3 de fevereiro, extraída do Missale Romanum, Ed. Vozes, 1943]

OREMOS

Ó Deus, que em cada ano nos regozijais com a festa do vosso bem-aventurado Mártir e Pontífice Brás, concedei-nos, por vossa bondade, gozarmos da proteção daquele cujo nascimento no Céu hoje honramos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.