D. Crisóstomo d’Aguiar
A Liturgia põe-nos diante dos olhos um quadro vivo das injustiças cometidas contra Cristo.
Desde o Introito, o Salmista, exilado no meio dum povo inimigo, nos apresenta Cristo contra quem vocifera “um povo furioso”. No Evangelho, é o ódio sempre crescente de Sanedrim. Depois são os Judeus que deviam reconhecer n’Ele o Filho de Deus, maior que Abraão e que os profetas, porque é eterno, mas compreendem em mau sentido as suas palavras, e insultam-no, tratando-o de filho do demônio, e tentam lapidá-lo.
S. Paulo, fazendo contrapeso a estes insultos em que se palpa a mais negra ingratidão e o ódio mais satânico, eleva-nos à consideração do verdadeiro sentido da Paixão (Epístola), e, numa curta passagem, esboça a traços a obra de vida de que é fonte o Calvário: restabelecimento da glória do Pai, sob o impulso do Espírito divino que animava Jesus; obra de purificação e resgate dos nossos pecados; Cristo, centro de toda a história religiosa, porta de vida que restitui a herança perdida tanto na antiga como na nova Aliança.
É neste espírito que a Liturgia dirige a sua prece até ao dia de Páscoa. Ao lembrarmo-nos da Paixão de Jesus cujo aniversário se aproxima não esqueçamos que, para lhe sentirmos os efeitos, temos que sofrer, como o Mestre, por amor da justiça.
E quando, membros da família de Jesus, formos perseguidos, peçamos que Deus nos guarde os corpos e as almas (Oração).
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa do I Domingo da Paixão]