D. Crisóstomo d’Aguiar
Foi necessário que Cristo sofresse primeiro para entrar na própria glória, e como não havemos nós de sujeitar-nos à lei do sofrimento a qual o Filho de Deus se sujeitou, se queremos participar da sua ressurreição (Aleluia)? Mas já que as solenidades pascais nos trouxeram o júbilo de vermos Jesus na glória e nos dão a esperança de participarmos dela, soltemos hoje clamores de alegria (Introito); cantemos os louvores de Deus por a vida perene que não terá fim, que nos trouxe e nos comunica pelos santos sacramentos (Ofertório) até a morte.
Os Apóstolos, quando viram Cristo, depois de sair do túmulo, sentiram aquela alegria que diríamos sem termo e transpira de toda Liturgia. A Páscoa é figura da Páscoa eterna, e a Igreja também sentirá infindo júbilo quando, havendo concebido e dado a luz na dor almas para Deus, vir Jesus aparecendo triunfante no Céu. As tristezas e aflições que no mundo se suportam se nos transformarão em gozo que ninguém nos poderá arrebatar (Evangelho). Aqui na Terra (Epístola) vivemos não como em cidade permanente e estável, mas à guisa de viajantes e forasteiros, que vão em demanda da pátria; e observando os preceitos positivos e negativos que nos dá o Chefe da Igreja, caminharemos a passo seguro, “fazendo profissão de Cristãos, rejeitando o que possa desonrar este nome, e praticando o que é conforme” (Oração).
Comamos da Páscoa do Senhor, e este alimento de nossas almas protegerá também nossos corpos (Pós-comunhão), e, acalmando em nós ardores de desejos terrestres, nos fará amar os bens celestes (Secreta).
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa do Terceiro Domingo depois da Páscoa]