D. Crisóstomo d’Aguiar
Confiança em Deus no meio das lutas e sofrimentos, é o pensamento dominante dos textos litúrgicos (Epístola). As tribulações que nos cercam, e o resultado que delas nos vem tão glorioso, pinta o Apóstolo. Até a natureza física participa do castigo do pecado: com o homem, todos os seres sofrem e gemem; se sofremos, é para vivermos em mais abundante vida divina, e comprarmos a eterna ventura do Céu.
Ponhamos, pois, toda a nossa confiança no Senhor, nosso refúgio, salvação e defensor (Introito, Gradual, Aleluia, Comunhão). Por Ele, como o povo de Israel ficou livre dos filisteus, venceremos o demônio e seus anjos contra os quais Jesus veio em defesa nossa. Os nossos inimigos não prevalecerão sobre nós (Ofertório), se pedirmos a Deus “que o universo caminhe em paz, conforme a ordem estabelecida e que a Igreja sinta na tranquilidade as delícias da piedade” (Oração). Esta visível proteção da divina Providência estende-se aos mais pequenos acontecimentos (Evangelho). A Igreja figura-no-la a barca de Pedro. Nela quis Jesus pregar; é ali que manda Simão remar para o lago: às ordens do Mestre, lança o Apóstolo as redes, que se enchem, até se romperem. E Pedro, confuso, cheio de espanto e terror, adora o Mestre. Doravante, com os seus companheiros, será pescador de homens; compreendeu a lição confiança que o Salvador lhes dá, e segue a voz do seu Senhor.
Na barca da Igreja, sacudida de agitadas ondas, em que vagamos, e no meio das alterosas tempestades deste mundo, ponhamos a nossa esperança em Deus.
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa do Quarto Domingo depois de Pentecostes]