Instituto Jackson de Figueiredo
1 – Olavo não confere à razão seus direitos:
Execra-se a abstração como sendo “fuga da realidade” e impugna-se o raciocínio metafísico como se fosse mero formalismo lógico, inapto a demonstrar qualquer coisa a respeito da mesma realidade, como no caso das cinco vias tomistas, tratadas como meros argumentos de razoabilidade [1], mas também em questões morais.
2 – Olavo perverte o objeto da fé
Desconsidera-se que a fé tem também um objeto lógico-proposicional: ela seria apenas “confiança numa pessoa” [2], que supostamente é Cristo mas, no fim das contas, é Olavo, como se verá. As portas estão, assim, abertas para quaisquer proposições que contrariem a Doutrina Católica, desde que a suposição de se estar “confiando em Cristo” seja mantida. Tal suposição pode ser reforçada por meio de práticas em si mesmo boas, como a reza diária do terço ou uma maior frequência à Missa ao longo da semana.
3 – Olavo ignora a regra próxima da fé
Uma vez que já não se considera que o objeto da fé seja constituído de proposições conceituais, o Magistério da Igreja, que é a regra que confirma nosso assentimento à verdadeira fé, isto é, às proposições verdadeiramente reveladas por Deus, pode ser simplesmente ignorado, o que se reforça com frases de efeito como “o cristianismo não é uma doutrina”.
4 – Olavo separa a fé e a razão
Tendo seu objeto pervertido e sua regra próxima ignorada, a fé já não goza de primazia sobre a razão, o que significa que a teologia já não é apta para julgar as conclusões emitidas pelos filósofos [3], o que inclui os desvios já expostos no ponto 1.
5 – Olavo torna-se a medida de tudo
Se já não é à luz das proposições de fé, em si mesmo infalíveis porque reveladas por Cristo, que se julga tudo mais, o que resta é julgar tudo a partir da mesma pessoa em cujas ideias errôneas sobre a fé se acreditou [4]: aquela confiança que deveria ser depositada em Cristo, acaba por ser depositada em Olavo.
6 – Olavo confunde os pecados contra a fé e a caridade
Ao ter seus erros doutrinais expostos, Olavo defende-se alegando que não é santo [5], enquanto aqueles que o acusam não passariam de “santarrões” (pessoas que pretendem ser santas, mas que não o são). Ora, os erros doutrinais atentam contra a fé e distinguem os católicos dos não-católicos, ao contrário dos erros contra a caridade, pelos quais se diferenciam os mais santos dos mais pecadores, ou os melhores católicos dos piores. O que se exige de Olavo não é que ele seja o melhor dos católicos, mas sim o mínimo para ser católico, ou seja, a profissão íntegra da Doutrina.
7 – Olavo leva à perda da fé
Diante de tudo quanto foi exposto até aqui não há outra conclusão possível a se chegar senão a de que Olavo, no mínimo, põe em sério risco a fé daqueles que o seguem, uma vez que “a Fé perde-se negando ou duvidando voluntariamente, ainda que seja de um só artigo que nos é proposto para crer” (Catecismo de São Pio X, 863). Perceba-se que esta mesma citação do Catecismo será inócua para quem já se convenceu que não está obrigado, como católico, a assentir por fé a proposições conceituais à luz das quais deve julgar tudo. Ou se está ao lado de Olavo, ou se está ao lado da Igreja.
Em suma: os ensinamentos de Olavo de Carvalho em matérias éticas, metafísicas e religiosas são absolutamente incompatíveis com a Fé católica. São contrários ao Magistério da Igreja e às verdades naturais conexas com a Revelação.
Nós do Instituto Jackson de Figueiredo, integrantes da Liga Cristo Rei, alertamos a todos os católicos que se afastem deste homem, que é um lobo em pele de cordeiro. E que rezem por sua conversão. E pela conversão dos que foram completamente fanatizados e deformados por sua influência anticristã.
Temos ciência da associação pública que muitos católicos, inclusive sacerdotes famosos, possuem com Olavo de Carvalho, como o Padre Paulo Ricardo, ainda que supostamente aleguem, em privado, terem se afastado de seu ensinos e reconhecerem sua influência nociva e venenosa para os fiéis. Esperamos, sinceramente, que a exposição dos argumentos acima contribuam para um posicionamento decidido e público, para o bem das almas e para a melhoria dos apostolados. Não ignoramos a polêmica da questão, mas nos manifestamos por meio da presente cumprindo um estrito dever de consciência, de modo a não sermos confundidos com o movimento cultural, pseudo-intelectual e anticatólico capitaneado pela referida figura. Trabalhamos em direções opostas.
Reiteramos os pedidos de orações por todos. Que Nossa Senhora Aparecida nos abençoe a todos e, sob a proteção seu manto maternal, sejamos livres de toda heresia, dos falsos profetas, e possamos contribuir em seu exército para a restauração de todas as coisas em Cristo e pela expansão das fronteiras do Reinado Social de seu Filho.
Viva Cristo Rei!
[1] Olavo afirma o seguinte: “Eu acredito que você pode ter uma evidência da existência de Deus, mas NÃO uma prova lógica. A prova lógica, tal como desenvolvida por S. Tomás de Aquino e outros apenas demonstra que é mais razoável você crer num Deus do que não crer. […] A existência de Deus não pode ser provada por argumentos no nível da certeza absoluta. Pode no nível da razoabilidade.” https://www.youtube.com/watch?v=mu3Jc_f6ZzA. Aqui ele trata as provas tomistas como sendo um exercício de lógica formal, que diz respeito apenas a possibilidades e não à realidade. Ora, as provas tomistas são metafísicas. Se os argumentos dele podem ser qualificados como “lógicos” é porque em toda ciência a lógica é empregada na demonstração, daí o Magistério da Igreja condenar a seguinte tese blondeliana, da qual Olavo é caudatário: “Os argumentos lógicos da existência de Deus, bem como da credibilidade da Religião cristã, não possuem, por si sós, nenhum valor objetivo, como se diz; a saber, eles não provam nada, por si mesmos, atinente à ordem do real.” (Decreto do Santo Ofício contra a filosofia da ação de 01/12/1924). Ou ainda o próprio Concílio Vaticano I: “Se alguém disser que o Deus uno e verdadeiro, Criador e Senhor nosso, não pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana, por meio das coisas criadas – seja excomungado”.
[2] Diz Olavo que “A religião não é uma doutrina para ser ‘acreditada’ ou uma tábua de mandamentos morais exteriores como um código civil. Ela é um conjunto de acontecimentos de ordem histórico-espiritual cuja notícia nos chega pelas escrituras sagradas e pela tradição. Esses acontecimentos podem, em parte, ser confirmados historicamente, mas não podem ser historicamente compreendidos, pois prosseguem até hoje e seu sentido só se elucida nesse prosseguimento, na medida em que você toma ciência de que eles o envolvem pessoalmente. Você pode participar deles através dos ritos, da prece, da fé e sobretudo dos milagres. A fé não significa adesão a uma doutrina, mas confiança numa Pessoa em cuja humanidade transparece, de maneira ao mesmo tempo auto-evidente e misteriosa, a presença do transcendente e do infinito.”
<http://olavodecarvalho.org/pela-restauracao-intelectual-do-brasil/>
Por sua vez, o Catecismo de São Pio X, na questão 860, define fé como “uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer”, o que significa que é falsa a dicotomia proposta por Olavo. Por confiarmos na pessoa divina de Cristo é que aderimos à Doutrina que ele confiou a sua Igreja. O Pe. Álvaro Calderón comenta a respeito das origens modernistas de tal ideia:
“Entendido isso, podemos então discernir em seu primeiro rebento o subjetivismo de toda a nova teologia: se alguém negar que o objeto da fé seja também una doutrina, anathema sit! porque já é modernista. O neoteólogo insiste sempre em que o objeto da fé não é uma doutrina, mas uma realidade; repete que Deus não revelou especulações acerca d’Ele, mas se revelou a Si mesmo; fala, enfim, da verdade revelada só em sentido ontológico e nunca em sentido lógico. Como toda mentira, tem um pedaço verdadeiro; e é bem feita, com a parte verdadeira mais brilhante, pois quem não prefere ver a Deus no céu que ler a Suma eternamente? Mas é uma mentira péssima, porque na terra não há acesso ao Verbo divino senão nos verbos mentais da doutrina revelada. Certamente é Cristo mesmo quem habita pela fé em nossos corações (Ef 3, 17), mas habita por uma fé recebida ex auditu pela pregação (Rm 8, 17): Não há acesso à realidade divina senão pela doutrina.” (Pe. Calderón, “A candeia debaixo do alqueire”, Ed. Sétimo Selo, p. 163.)
[3] Olavo afirma que “TODO julgamento emitido sobre uma filosofia desde pressupostos teológicos é fora de propósito e quase sempre errado.” <https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/702442959907781/ > e aplica tal juízo universal ao caso concreto do prof. Orlando Fedeli, que o combateu, alegando que “O problema é que ele [Fedeli] é um professor de religião e não um filósofo — o que em si não teria nada de mau se ele não achasse que, com esse seu equipamento doutrinal, está habilitado a entender e julgar filósofias [sic!]” <http://angueth.blogspot.com/2010/04/com-palavra-olavo-de-carvalho.html>. Ora, que a teologia deva julgar a filosofia é algo que já se encontra em livros tomistas introdutórios, como o de Maritain:
“A título de ciência superior, a Teologia julga a Filosofia do mesmo modo que a Filosofia julga as ciências. Como consequência, exerce para com ela um papel de direção, mas negativa, que consiste em declarar como falsa toda proposição filosófica incompatível com uma verdade teológica. A Teologia, pois, controla e mantém sob sua dependência as conclusões emitidas pelos filósofos.” (Jacques Maritain, Introdução Geral à Filosofia, pp. 81-82)
Se não se quer dar ouvidos a Maritain, ouça-se então o próprio Santo Tomás de Aquino, Doutor Comum da Igreja, a esse respeito:
“Os princípios das demais ciências ou são por si evidentes, e não podem ser provados; ou se demonstram noutra ciência por algum motivo natural. Porém, o conhecimento próprio desta ciência [a Teologia] assenta na revelação, e não em premissas naturais. Donde, não lhe cabe provar os princípios das outras ciências, mas só julgá-las; porque tudo o que nelas repugnar à verdade desta, condena-se, de vez, como falso, segundo o Apóstolo (II Coríntios X, 4-5): Derribando os conselhos e toda a altura que se levanta contra a ciência de Deus.” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Ia, q. 1, a. 6, ad 2)
Por fim, que seja ouvido, em última análise, o próprio Magistério da Igreja:
“Não haveria, certamente, tais desvios da verdade que deplorar se também no terreno filosófico todos olhassem com a devida reverência ao magistério da Igreja, ao qual compete, por divina instituição, não só custodiar e interpretar o depósito da verdade revelada, mas também vigiar sobre as disciplinas filosóficas para que os dogmas católicos não sofram dano algum da parte das opiniões não corretas.” (Pio XII, Encíclica Humani Generis, 34)
[4] Perceba-se que o exercício que acabamos de fazer na nota anterior contraria a própria frase de Olavo, segundo a qual “TODO julgamento emitido sobre uma filosofia desde pressupostos teológicos é fora de propósito”, o que significa que na mesma sentença onde ele propugna o erro, repele-se como “fora de propósito” o único meio de se constatar que ele está errado. O que resta, então, é julgá-lo à luz dele mesmo, no que será sempre perfeito e tomado como fundamento de todo o resto.
[5] Olavo chegou a expressar tal coisa certa vez em termos que beiram a presunção da própria salvação:
“Se vocês esperam que eu seja “um católico exemplar”, perdem o seu tempo. É Jesus Cristo quem fará isso de mim. Será nos últimos dias da minha vida e vocês não estarão lá para ver.”
https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10152453107712192