D. Crisóstomo d’Aguiar
É antiquíssima a instituição de orações em sufrágio dos mortos.
Muitos séculos antes de S. Odilão, abade de Cluny, ter estabelecido uma festa especial de comemoração dos que morreram, no dias 2 de novembro (em 998), já diversas Igrejas particulares tinham solenidades desse gênero, e o pedir pelos mortos, com orações especiais, remonta às origens da Igreja.
Algumas partes da Missa de Defuntos são muito anteriores ao século X. O privilégio que antes tinham os sacerdotes de Portugal e Espanha de celebrar, no dia 2 de novembro, três missas, estendeu-o a todo o mundo o Papa Bento XV, por ocasião da Grande Guerra (1914-1918).
Todos os mortos hão de ressuscitar, diz S. Paulo (Epístola); e por isso devemo-nos encher de esperança, porque nos havemos de ver todos no Senhor. O dia último, o terrível dia do Juízo, não deve aterrorizar senão os maus, que serão separados dos bons (Sequência), que, estes, conduzidos por S. Miguel, o chefe das milícias celestes, serão introduzidos no Céu (Ofertório), onde irão ocupar o lugar dos Anjos caídos. É com este pensamento que devemos neste dia assistir ao Santo Sacrifício da Missa, no qual a Igreja suplica ao Senhor que conceda aos mortos, que por si mesmos já não podem alcançar o perdão dos seus pecados (Oração), o eterno repouso (Introito); e vamos visitar os seus restos mortais, que jazem nos cemitérios, até ao dia em que, “dos Céus, diz S. Paulo, virá o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, e transformará os nossos corpos, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso” (Epístola).
As duas ressurreições operadas por Jesus são figuras da nossa ressurreição futura.
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.]