D. Crisóstomo d’Aguiar
O Batismo, sacramento da iniciação cristã, introduziu-nos na vida sobrenatural e a Confirmação fortificou-nos e aperfeiçoou-nos nela. Resta agora viver e crescer de mais em mais na caridade cristã, eflorescência necessária da graça que nos foi infundida na alma.
A Liturgia fala-nos da lei mosaica que revestia um certo esplendor, mas teve o seu complemento e perfeição com a lei de Cristo (Epístola). Se já na Antiga Aliança o maior e o primeiro dos mandamentos era o amor de Deus e do próximo, que admira que na Aliança Nova esse mesmo amor divino, mais depurado, nos seja imposto como meio de todos em nós reconhecerem discípulos de Cristo?
Guardemo-nos de farisaicamente fazermos consistir os deveres de religião em simples observâncias de exterioridades; a letra mata, o que dá vida é o espírito (Epístola). Nunca, nem na lei de Moisés, nem no Evangelho, anda o amor de Deus separado do que devemos ao nosso semelhante: amor sobrenatural na sua origem, pois o Espírito Santo é que no-lo inspira, e sobrenatural no seu objeto, o próprio Deus que vemos no próximo. Para os judeus só eramos próximos os homens da sua raça; mas a parábola do bom Samaritano demonstra que é nosso próximo qualquer homem, conhecido ou desconhecido, amigo ou inimigo, a quem nos ligam os laços da caridade, da qual nos deu exemplo perfeito Nosso Senhor, que nos veio curar de nossas feridas (Evangelho).
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa do Décimo Segundo Domingo depois de Pentecostes.]