D. Crisóstomo d’Aguiar
Os Magos deram-no o exemplo de uma fé viva e profunda, prostrando-se diante do Menino, e adorando-o.
Seu exemplo excita-nos a imitarmo-los (Introito).
O milagre operado na boda é figura da transubstanciação que S. Tomás chama o maior de todos os milagres, e em virtude do qual o vinho eucarístico se transforma em sangue de aliança. E como é na Eucaristia que se consumam e completam os desposórios místicos de Jesus com nossas almas, viram os Padres nas núpcias de Caná um símbolo da união do Divino Verbo com a Igreja.
Maria, cheia da caridade de que fala a Epístola, caridade é vínculo, caminho e fonte de paz que deve reinar entre irmãos, solicita de Jesus um milagre em favor dos esposos. Eles “já não tem mais vinho” para os convivas (Evangelho).
Tão grande é o seu poder como Mãe de Deus que seu Filho Jesus, a suas instâncias, antecipa a hora de se manifestar Deus perante os discípulos, pondo assim ao serviço do amor de Maria o seu divino poder (Tractus). Seis talhas, que serviam para purificar as mãos durante a refeição, estão ali, cheias de água a desbordar. Uma palavra de Maria, e, depois do milagre, aquele a quem incumbe a ordenação do festim, observa com a competência própria do seu cargo, que o vinho, em que fora transformada a água, é delicioso. É o primeiro milagre de Jesus, que nos refere o Evangelho (Comunhão).
Perante esta prova da sua divindade, os discípulos acreditaram nEle (Evangelho). Pela santa Missa que apaga os nossos pecados (Secreta) e pela Comunhão que permite à Omnipotência divina transformar as nossas almas, realizemos em nós o mistério da água, que o sacerdote mistura no vinho, tornando-nos participantes da divindade dAquele que se dignou revestir a nossa humanidade; e não esqueçamos que o grande meio de sabermos que Jesus é verdadeiramente Deus e em união conosco, é observar a Lei, com todos os serus preceitos, que se sintetizam na caridade (Epístola).
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa]