D. Crisóstomo d’Aguiar
Depois do dogma da Santíssima Trindade, é o da Encarnação de Jesus Cristo que o Espírito Santo nos recorda nesta festa da Eucaristia, memorial da vida do Salvador, Sacramento por excelência, que dá a Deus uma infinita glória, e nos aplica a cada um os merecimentos do Redentor (Oração).
Arrefecido o fervor com que se celebrava primitivamente em Quinta-feira Santa a instituição do Santíssimo Sacramento, tornou-se mister instituir uma nova festa cuja celebração contraditasse as afirmações heréticas que surdiam contra o mistério da Eucaristia, e assim, no século XIII, Urbano IV a estabeleceu, e depressa se tornou querida de todo o povo cristão, feliz em prestar pública homenagem da sua fé e do seu amor para com Cristo, presente no Augusto Sacramento do Altar.
O Ofício, obra prima de doutrina teológica, de afeto e de gosto literário, foi feito por Santo Tomás de Aquino, o qual por amor da tradição litúrgica se quis servir em parte das antífonas, lições e responsórios já no uso de certas igrejas particulares. A procissão depois da Missa tornou-se geralmente obrigatória só pelo século XV.
Associemo-nos a todas as homenagens de que a Santíssima Eucaristia é objeto e termo, e, considerando que a Missa é o centro de todo o culto que a Igreja lhe presta, vejamos na Comunhão o meio que Jesus estabeleceu para nós participarmos mais plenamente de tão divino Sacrifício. Desta maneira a nossa devoção para com o Corpo e o Sangue do Salvador nos obterá, com eficácia, os frutos copiosos da sua redenção (Oração).
Mas não usemos sempre unicamente do Sacramento como meio individual de santificação; elevemo-nos mais alto e consideremos que Ele deve ser o centro social do nosso culto, o Sacramento de toda a Comunidade, da qual Jesus Cristo é Chefe, inseparável dos membros.
[Segue abaixo o texto do próprio da Missa de Corpus Christi]