Herbert Thurston, Enciclopédia Católica
A quarta-feira depois do Domingo da Quinquagésima, que é o primeiro dia de jejum da quaresma.
O nome dies cinerum (dia de cinzas) que leva no Missal Romano aparece nas primeiras cópias existentes do Sacramentário Gregoriano e provavelmente data de pelo menos o século VIII. Neste dia, segundo o antigo costume, exorta-se a todos os fiéis a se aproximarem do altar antes do começo da missa, e ali o sacerdote submerge seu dedo polegar nas cinzas previamente benzidas e marca na fronte — ou no caso dos clérigos, em cima do lugar da tonsura — de cada um o Sinal da Cruz, e diz as palavras: “ Recorda, homem, que do pó vens e ao pó voltarás”. As cinzas usadas nesta cerimônia se fazem queimando os restos das palmas benzidas no domingo de Ramos do ano anterior, as quais se aspergiam com água benta e logo eram defumadas com incenso. Na benção das cinzas usam-se quatro antigas preces. O próprio celebrante, seja bispo ou cardeal, recebe, quer de pé ou sentado, as cinzas de algum outro sacerdote, geralmente do de maior dignidade entre os presentes. Em épocas antigas o rito da distribuição das cinzas era seguido por uma profissão penitencial, mas isto não mais está prescrito atualmente. Não há dúvidas de que o costume de distribuir as cinzas a todos os fiéis surgiu de uma imitação devota da prática observada no caso dos penitentes públicos. Mas esta prática devota, a recepção de um sacramental que está cheio de simbolismo de penitência, é de uma data anterior à suposta previamente, por mencionar-se como de observância geral tanto para clérigos como para fiéis sínodo de Benevento, 1901 , mas cerca de 100 anos antes que isto o autor de homilias anglo-saxão Aelfric assume que se aplica a toda classe de pessoas. Ele diz:
“Lemos ambos os livros na Antiga Lei e na Nova que os homens que se arrependiam de seus pecados encobriam a si mesmos com cinzas e vestiam seus corpos com cilício. Agora façamos este pouco ao começo de nossa Quaresma, que lancemos cinzas sobre nossas cabeças para denotar que devemos nos arrepender de nossos pecados durante o jejum quaresmal.”
E logo fortalece esta recomendação com o terrível exemplo de um homem que se negou a ir à Missa na Quarta-feira de Cinzas devido às cinzas e poucos dias depois morreu acidentalmente em uma caça de javali. É possível que a noção de penitência que foi sugerida pelo rito de Quarta-feira de Cinzas foi reforçado pela exclusão figurativa dos sagrados mistérios simbolizadas pela colocação do véu quaresmal frente ao santuário.
Fonte: Thurston, Herbert. “Ash Wednesday.” The Catholic Encyclopedia. Vol. 1. New York: Robert Appleton Company, 1907. 18 Feb. 2012 <http://www.newadvent.org/cathen/01775b.htm>.
Traduzido por Leonardo Brum a partir da versão espanhola disponível em <http://ec.aciprensa.com/wiki/Mi%C3%A9rcoles_de_Ceniza>.